Novo o Sol, no dia-a-dia,

na ventura minha ação

aprendi com o meu Pai

redobrar a Tradição.


O espaço, ao afeto, no zelo

por sugestão. Crescendo

como um recado, impresso

em decoração, noutras novas

num volante aparecendo...


Desse traço à oração

laboro como aprendiz,

do prazer na criação

é o leitor quem me diz.


Verve verte nesta lida

pela paz, boa acolhida.

Ah ist ória in crível do ho mem q ue morr eu e torn ou.




A história incrível
do homem que morreu e tornou.

Copyright By olímpioTURBUS



Era já certo o destino, diz,
quem morre ao chão retorna.
Estirado o corpo ao caixão,
sentido, já cheio de rosa.

Assucedeu o mistério,
ninguém soube explicar.
Juscelim teve defunto,
pois voltou a respirar.

Foi no céu e no inferno,
numa jornada bem longa.
No outromundo, fez fama,
sua razão operou.
Não aceitando a desonra,
que a Dama lhe reservou.

Rogou as graças celestes,
pois deixaram ele voltar.
E contou bem, nessas letras,
o que agora vou narrar:

Chegando a porta do céu
a São Pedro ele falou
que tava preocupado,
com umas contas que deixou.

São Pedro lançou das chaves,
disse a isso dá jeito não.
Ele entrasse e procurasse
Nossa Senhora, Santo Expedito
ou São João.

Ele foi e foi entrando,
encontrou Nossa Senhora,
disse logo o acontecido,
o que quiria sem demora.

A mãe de Jesus lhe disse
que por ela tinha perdão,
procurasse o Expedito
e lhe desse a missão.

Lá se foi ele contente
procurar os finalmente,
com o santo da questão.
Bolou pra lá e pra cá,
andou de nuvem, tomou ar
e nadica do expedito.
Já pra bem disistia, zangado,
topou com São Benedito
e lhe pediu uma graça.

São Benedito falou,
“ Ô meu filho num tenha zanga,
como a coisa já ta preta,
eu nada posso fazer.
Procure acordo com Cristo,
se pegue com ele rapaz. ”

Arretado e confuso
outra nuvem ele pegou,
na busca do Santo Cristo
com São João ele topou.

Depois de explicado o fato,
São João mais doido ficou
com o grau da confusão.
“ Não tendo papel no céu,
como ele ia provar
que merecia tornar? ”

Mais valente ele ficava,
achava num tinha jeito.
Se ao menos Deus ele achava,
lhe rogava com respeito.

Num já bem da nuvem saltou
com São Expedito topou
e foi logo lhe pedindo:
- Pru chão quiria voltar.

Santo Expedito, paciente,
lhe explicou todo decente,
a única solução:
“ Descer num pau de sebo,
ir no inferno, falar com o Cão. ”

Juscelim, impressionado
quase que se aperriou
e foi aí que o Santo
pra seu sossego falou:
“ Pra subir é uma luta,
o sebo num deixa não.
Mas, pra descer é ligeiro,
todo santo dar a mão. ”

E nisso foi lhe mostrando
aonde fica os pau de sebo,
eles são a ligação
do inferno com São Pedro.
(Ou Pedro manda descer,
ou abre o portão sem medo.)

E lá desceu Juscelim,
pelos canos do inferno.
Na carreira ele foi,
procurar a solução.

O inferno é muito quente,
derrete se demorar.
Sem assentar, ao outro
já foi logo a implorar:
Voltar pra terra bendita,
pru aconchego do lar!

O Demo, de negócio,
já mostrou a solução:
“ Se no velório, na jura,
alguém comigo se pegar,
eu lhe dou a permissão. ”

Juscelim já, derretendo,
pois-se a torcer
prum cabra não lhe esquecer.
Ir cobrar no seu caixão,
lá resolvia a questão.

E assim Temório fez,
na grosseria e com grito,
no velório disparou
que ia se agarrar com o Cão
mas, daquele defunto,
o dinheiro perdia não.

Nesse instante benvindo
Juscelim abriu os olhos,
falou que tinha tornado
pra conversar a respeito.

O padre saiu correndo,
a mulher dele sirriu,
o povo saiu do sério e...
Só Temório ficou.







Cagô-se,
de uma turica morreu,
mas nunca tornou.